Introdução
Secção: Impressão FineArt
KB2025PC: Informação Técnica / Ciência da Cor / Guia Técnico
Realizar a medição de luz na impressão pode parecer, à primeira vista, um acto trivial — apontar um instrumento, pressionar um botão e ler um valor. No entanto, num contexto profissional, trata-se de uma operação de metrologia, estritamente regulada por normas internacionais e fundamental para a gestão de cor.
A precisão da medição de luz na impressão Fine Art depende de uma compreensão clara de como a luz interage com a matéria, como os instrumentos a captam e como os modelos colorimétricos traduzem esses sinais.
O que se segue baseia-se nas normas ISO 13655 e ISO 3664, bem como na prática diária da Pigmento Coolectivo.

1. O Equívoco Fundamental: Não Medimos Cor, Medimos Luz
Para garantir a excelência na medição de luz na impressão, é necessário aceitar uma premissa física: a cor não é uma propriedade intrínseca dos objectos, mas sim o resultado da percepção humana.
O que existe fisicamente é apenas:
- Fluxo de radiação electromagnética;
- A interacção dessa radiação com o objecto (absorção, reflexão);
- Os estímulos que chegam à retina.
A CIE (Comissão Internacional de Iluminação) formalizou estes processos, permitindo que a medição de luz na impressão estime aquilo que um observador humano veria. Portanto, toda a gestão de cor é a ponte entre o dado físico mensurável e a percepção visual.
2. Instrumentos de Medição de Luz na Impressão
Segundo Fraser, Murphy e Bunting, a medição em fluxos de trabalho gráficos assenta em três instrumentos distintos. É crucial saber qual utilizar.
2.1. Densitómetro: Controlo de processo
O densitómetro mede a densidade óptica. É útil para verificar a consistência de tintas ou a densidade do preto (Dmax), mas tem uma limitação severa na medição de luz na impressão de belas-artes: ele não “vê” cores, apenas quantidades de luz absorvida. Não serve para criar perfis ICC.
2.2. Colorímetro: Baseado no olho humano
Utiliza filtros que aproximam as curvas de sensibilidade do olho humano. É o instrumento ideal para a calibração de monitores, mas falha na detecção de metamerismo em papéis complexos.
2.3. Espectrofotómetro: O padrão de referência
Para uma medição de luz na impressão verdadeiramente rigorosa, o espectrofotómetro é insubstituível. Este instrumento mede a reflectância espectral completa (normalmente a cada 10 nm). Isto permite:
- Analisar a curva espectral da obra;
- Identificar fluorescência em papéis com branqueadores ópticos (OBAs);
- Criar perfis ICC de máxima precisão.
3. Variáveis Críticas: Iluminante e Geometria
A medição de luz na impressão só é válida se especificarmos o contexto, conforme a norma ISO 13655.
- A Fonte de Luz (Iluminante): Os instrumentos devem simular iluminantes padrão, tipicamente o D50 (5000K) para artes gráficas. Medir sob a luz errada invalida o resultado.
- A Geometria (Modos de Medição): Para papéis modernos, é essencial compreender os modos de medição. O Modo M1, por exemplo, é necessário para medir correctamente papéis com brilho e branqueadores ópticos, garantindo que o branco do papel é interpretado correctamente pelo software.
4. O Factor Humano: O Cérebro Engana
Porque é que insistimos tanto na medição de luz na impressão através de instrumentos e não apenas “a olho nu”? Porque o cérebro humano faz adaptação cromática. O sistema visual compensa desvios de cor até ±15 ΔE sem que o observador se aperceba.
O seu cérebro “corrige” a iluminação da sala, mas os instrumentos oferecem a verdade objectiva. Num estúdio como a Pigmento Coolectivo, a medição instrumental assegura que a sua obra mantém a consistência cromática, independentemente do dia, da hora ou da fadiga visual do operador.
Conclusão
Dominar a medição de luz na impressão não é um preciosismo; é o garante da longevidade e fidelidade do seu trabalho artístico. A gestão de cor é física, fisiologia e metrologia. A precisão não é opcional: é o que permite que a obra impressa corresponda exactamente à sua visão.








