Iluminantes na Impressão, Metamerismo e a Verdade sobre a sua Obra

Para um cientista da cor (e para nós), “luz” é um termo vago. Preferimos falar em Iluminantes. Um iluminante não é uma lâmpada física. É uma descrição matemática e normalizada da composição espectral da luz — ou seja, define a quantidade de energia presente em cada comprimento de onda, do violeta ao vermelho.

A CIE (Commission Internationale de l’Éclairage) definiu padrões que a indústria gráfica mundial segue rigorosamente:

  • D50 (5000 K): O “Santo Graal” das artes gráficas. É uma luz branca, equilibrada, que simula a luz do horizonte solar. É o padrão exigido pela norma ISO 3664 para avaliar impressões.
  • D65 (6500 K): Uma luz mais fria, ligeiramente azulada, que simula a luz do dia ao meio-dia (com céu nublado). É o padrão para a calibração de monitores e para a internet (sRGB).
  • Iluminante A (Tungsténio / ~2856 K): A luz quente e amarelada, típica das lâmpadas incandescentes domésticas.
Gráfico Espectral: Comparação espectral entre iluminante D50, D65 e luz de Tungsténio

O Conflito Clássico: O seu monitor está calibrado para D65 (luz fria). A impressão é avaliada sob D50 (luz neutra). A sua sala tem luz 3000K (luz quente). Esta discrepância é a origem de 90% das dúvidas sobre a cor.

Porque é que os iluminantes na impressão são tão críticos? Porque uma folha de papel não tem luz própria. Ela funciona por subtracção: absorve alguns comprimentos de onda e reflecte outros.

Se a luz que incide sobre o papel não tiver determinados comprimentos de onda (por exemplo, se for uma luz LED barata que não tem vermelhos ricos), o papel não tem nada para reflectir.

A isto chamamos Metamerismo de Iluminante: É o fenómeno onde duas cores parecem idênticas sob uma luz (ex: no estúdio), mas tornam-se drasticamente diferentes sob outra (ex: na galeria).

Metamerismo: Exemplo visual de metamerismo: cores que mudam conforme a fonte de luz

Na prática, isto significa que:

  1. Sob luz quente (3000K): Os azuis profundos podem parecer pretos e os brancos do papel ganham uma “pátina” amarela.
  2. Sob luz fria (6500K): As cores quentes perdem vibração e os tons de pele podem parecer doentios.
  3. Papéis com OBAs: Papéis com branqueadores ópticos reagem fortemente à radiação UV. Sob luz do dia, parecem brancos brilhantes; sob luz de museu (sem UV), podem parecer cremosos ou amarelados.

Não basta saber a temperatura da cor (Kelvin). É preciso saber a qualidade da lâmpada. Aqui entra o CRI (Color Rendering Index) ou Índice de Reprodução de Cor.

O CRI mede (numa escala de 0 a 100) a capacidade de uma fonte de luz revelar fielmente as cores em comparação com a luz natural.

  • CRI < 80: Comum em LEDs de supermercado e fluorescentes de escritório. “Matam” a cor, criando tons esverdeados ou deslavados.
  • CRI > 90 (High CRI): Essencial para iluminação de arte.
  • CRI > 95: O padrão que usamos para avaliação técnica.

A nossa obsessão técnica obriga-nos a eliminar variáveis. No nosso estúdio, seguimos a norma ISO 3664 (Condições de Visualização para Artes Gráficas e Fotografia).

Isto significa que:

  1. Avaliação Controlada: As provas de cor e as impressões finais são inspecionadas em cabines de luz ou sob iluminação normalizada D50 com CRI elevado.
  2. Gestão de Expectativas: Sabemos como os diferentes papéis (Algodão vs. Baritados) reagem à luz e aconselhamos o cliente consoante o local de exposição final.
  3. Consistência: Garantimos que o que sai da impressora está tecnicamente correcto. Se a cor parece errada noutro local, sabemos isolar o problema: é a iluminação desse local, não a química da impressão.

Como artista ou coleccionador, não precisa de transformar a sua casa num laboratório, mas deve ter alguns cuidados básicos:

1. Para Trabalhar (Edição e Prova)

Se quer comparar a impressão com o monitor, precisa de uma fonte de luz D50 (5000K) ou D65 (6500K) perto da secretária, com CRI superior a 95. Lâmpadas específicas (como as da GrafiLite ou soluções profissionais de LED) são um pequeno investimento que poupa muitas dores de cabeça.

2. Para Expor (Casa ou Galeria)

Evite misturar temperaturas de cor na mesma sala.

  • Para aconchego: Use 2700K-3000K, mas aceite que os brancos ficarão mais quentes.
  • Para neutralidade: Use 4000K com CRI > 90. É o melhor compromisso para residências modernas e estúdios, pois não é nem demasiado estéril nem demasiado amarelo.

3. Cuidado com o Vidro

Lembre-se que o vidro da moldura também filtra a luz. Vidros comuns têm uma tinta esverdeada (devido ao ferro). Para Fine Art, prefira vidro de museu ou acrílico artgrade, que são opticamente neutros.

Os iluminantes na impressão são os pilares invisíveis da sua arte. Mesmo a melhor impressão Giclée, no papel mais nobre e com as tintas mais estáveis, só revela a sua verdadeira natureza quando a luz lhe faz justiça.

Ao compreender o papel da luz, ganha controlo sobre a narrativa da sua obra. Na Pigmento Coolectivo, garantimos que a base técnica é irrepreensível, para que a sua arte brilhe — sob qualquer luz.

Tem dúvidas sobre como iluminar a sua próxima exposição? Fale connosco. Faremos tudo para ajudar.

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