O que são temperatura de cor, luminância e ponto de preto?

1. Temperatura de Cor (White Point)

O que é?

A temperatura de cor indica o “tom” da luz branca no monitor, medida em Kelvin (K).
Não tem a ver com o calor físico propriamente dito, mas com a coloração percebida da luz:

  • Temperaturas baixas (ex: 5000K) – branco mais quente (amarelado)
  • Temperaturas altas (ex: 6500K) – branco mais frio (azulado)

Relevância para a impressão:

  • A norma ISO 3664 para visualização de provas define D50 (5000K) como referência padrão.
  • Muitos monitores são ajustados por defeito para D65 (6500K), mais próxima da luz diurna.
  • Para impressão fineart, o ideal é trabalhar com D50, desde que a luz ambiente também esteja ajustada.

Recomendação:

  • Usa 5000K se o teu ambiente de trabalho tiver luz controlada e neutra.
  • Usa 6500K se trabalhas com luz natural ou em ambientes mistos.

Aparte importante: A norma: ISO 3664 e o D50

A norma ISO 3664 define D50 (5000K) como iluminante padrão para avaliação de provas de cor e impressos. Esta norma é seguida por fabricantes de papéis fineart, estúdios de pré-impressão e impressão offset — especialmente em contextos onde há controlo de qualidade rigoroso (contract proofing).

Vantagens do D50:

  • É o ponto de referência normativo para visualização comparativa entre ecrã e papel;
  • É o iluminante mais próximo do que se espera de uma viewing booth padronizada;
  • Ajuda a revelar erros cromáticos e desvios nos pretos profundos, típicos em papel mate.

Mas então, porque é que há quem defenda o D65?

Alguns técnicos e estúdios — especialmente ligados à fotografia — preferem D65 (6500K) como referência prática. Eis os argumentos:

a. É o branco nativo da maioria dos monitores

  • A maioria dos painéis LCD (mesmo os profissionais) é construída para trabalhar nativamente em torno de D65;
  • Forçar o monitor a operar a 5000K pode exigir ajustes agressivos que reduzem a gama de cor e a uniformidade do ecrã.

b. É mais próximo da luz ambiente realista

  • Muitos estúdios ou escritórios têm iluminação ambiente (fluorescente, LED ou natural) que está mais próxima de 5500K–6500K;
  • Trabalhar com D65 pode minimizar o metamerismo entre o monitor e o ambiente, tornando a experiência mais “natural” para os olhos.

c. Para workflows fotográficos, D65 é suficiente

  • Em contextos onde não há proofing rigoroso, mas apenas uma aproximação visual (ex: impressão fotográfica de autor, arte decorativa), o D65 pode ser suficientemente coerente e mais prático.

Abaixo colocamos uma tabela comparativa entre D50 e D65, pensada para ajudar a escolher (ou simplesmente perceber) o iluminante mais adequado ao seu contexto de trabalho.

CritérioD50D65
Temperatura de cor (Kelvin)5000K6500K
Norma técnica associadaISO 3664sRGB, uso geral
Gamut de cor disponível no monitorLigeiramente reduzido em alguns monitoresGamut total do monitor é mantido
Aproximação à luz ambiente comumMais distante (parece quente)Muito próxima

Voltando à emissão normal…


2. Luminância (Brightness / cd/m²)

O que é?

A luminância mede o brilho do monitor, em candelas por metro quadrado (cd/m²).

  • Valores altos tornam a imagem mais vibrante no ecrã, mas não correspondem ao papel.
  • Se estiver demasiado alto, acabará por escurecer a imagem sem necessidade.

Relevância para a impressão:

  • Papéis fineart refletem luz — não emitem.
    Um ecrã demasiado brilhante cria falsas expectativas de luz e detalhe. Não deve esperar milagres.

Recomendação:

  • 80 a 120 cd/m² para ambientes controlados de impressão;
  • 120 a 160 cd/m² para uso geral ou se a luz ambiente for forte;
  • Evita ultrapassar os 160 cd/m² se o seu objetivo é avaliar imagens para impressão.

3. Ponto de Preto (Black Point)

O que é?

Define o nível mais escuro que o monitor pode apresentar, sem perder separação entre tons escuros. É a “profundidade” do preto, e está diretamente relacionada com o contraste e a fidelidade nas sombras.

Relevância para a impressão:

  • Papéis mate têm pontos de preto mais elevados (menos profundidade);
  • Papéis brilhantes ou lustrosos permitem pretos mais densos;
  • Se o monitor exagerar no contraste, irá iluminar as sombras no ficheiro — e perder subtileza na impressão.

Recomendação:

  • Use Black Point Compensation nas provas;
  • Ajuste o contraste para que consiga ver claramente 20 tons entre o branco puro e o preto total;
  • Verifique o comportamento do ponto de preto com uma escala de cinzentos calibrada.

Resumo visual

ParâmetroUnidadeValor recomendado (impressão fineart)
Temperatura de corKelvin (K)5000K (D50, para ambientes neutros)
Luminânciacd/m²80–120 (ambiente controlado)
Ponto de pretorelativoO mais profundo possível com separação de tons escuros

Conclusão

Estes três parâmetros são a base de uma calibração eficaz.
Ignorar um deles compromete a fidelidade entre ecrã e impressão — e aumenta o risco de frustração no momento da prova final.

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