Introdução
Secção: Calibração de Monitores
KB2025PC: O que são temperatura de cor, luminância e ponto de preto?
Durante o processo de calibração de monitores, surgem inevitavelmente três parâmetros fundamentais, a saber: temperatura de cor, luminância e ponto de preto.
Estes conceitos são cruciais para garantir que o monitor apresenta a imagem com a neutralidade, luminosidade e profundidade correctas — especialmente quando o destino final é a impressão fineart. & giclée.
Este artigo explica cada um destes parâmetros de forma clara, com recomendações práticas para ilustradores e fotógrafos.

1. Temperatura de Cor (White Point)
O que é?
A temperatura de cor indica o “tom” da luz branca no monitor, medida em Kelvin (K).
Não tem a ver com o calor físico propriamente dito, mas com a coloração percebida da luz:
- Temperaturas baixas (ex: 5000K) – branco mais quente (amarelado)
- Temperaturas altas (ex: 6500K) – branco mais frio (azulado)
Relevância para a impressão:
- A norma ISO 3664 para visualização de provas define D50 (5000K) como referência padrão.
- Muitos monitores são ajustados por defeito para D65 (6500K), mais próxima da luz diurna.
- Para impressão fineart, o ideal é trabalhar com D50, desde que a luz ambiente também esteja ajustada.
Recomendação:
- Usa 5000K se o teu ambiente de trabalho tiver luz controlada e neutra.
- Usa 6500K se trabalhas com luz natural ou em ambientes mistos.
Aparte importante: A norma: ISO 3664 e o D50
A norma ISO 3664 define D50 (5000K) como iluminante padrão para avaliação de provas de cor e impressos. Esta norma é seguida por fabricantes de papéis fineart, estúdios de pré-impressão e impressão offset — especialmente em contextos onde há controlo de qualidade rigoroso (contract proofing).
Vantagens do D50:
- É o ponto de referência normativo para visualização comparativa entre ecrã e papel;
- É o iluminante mais próximo do que se espera de uma viewing booth padronizada;
- Ajuda a revelar erros cromáticos e desvios nos pretos profundos, típicos em papel mate.
Mas então, porque é que há quem defenda o D65?
Alguns técnicos e estúdios — especialmente ligados à fotografia — preferem D65 (6500K) como referência prática. Eis os argumentos:
a. É o branco nativo da maioria dos monitores
- A maioria dos painéis LCD (mesmo os profissionais) é construída para trabalhar nativamente em torno de D65;
- Forçar o monitor a operar a 5000K pode exigir ajustes agressivos que reduzem a gama de cor e a uniformidade do ecrã.
b. É mais próximo da luz ambiente realista
- Muitos estúdios ou escritórios têm iluminação ambiente (fluorescente, LED ou natural) que está mais próxima de 5500K–6500K;
- Trabalhar com D65 pode minimizar o metamerismo entre o monitor e o ambiente, tornando a experiência mais “natural” para os olhos.
c. Para workflows fotográficos, D65 é suficiente
- Em contextos onde não há proofing rigoroso, mas apenas uma aproximação visual (ex: impressão fotográfica de autor, arte decorativa), o D65 pode ser suficientemente coerente e mais prático.
Abaixo colocamos uma tabela comparativa entre D50 e D65, pensada para ajudar a escolher (ou simplesmente perceber) o iluminante mais adequado ao seu contexto de trabalho.
| Critério | D50 | D65 |
|---|---|---|
| Temperatura de cor (Kelvin) | 5000K | 6500K |
| Norma técnica associada | ISO 3664 | sRGB, uso geral |
| Gamut de cor disponível no monitor | Ligeiramente reduzido em alguns monitores | Gamut total do monitor é mantido |
| Aproximação à luz ambiente comum | Mais distante (parece quente) | Muito próxima |
Voltando à emissão normal…
2. Luminância (Brightness / cd/m²)
O que é?
A luminância mede o brilho do monitor, em candelas por metro quadrado (cd/m²).
- Valores altos tornam a imagem mais vibrante no ecrã, mas não correspondem ao papel.
- Se estiver demasiado alto, acabará por escurecer a imagem sem necessidade.
Relevância para a impressão:
- Papéis fineart refletem luz — não emitem.
Um ecrã demasiado brilhante cria falsas expectativas de luz e detalhe. Não deve esperar milagres.
Recomendação:
- 80 a 120 cd/m² para ambientes controlados de impressão;
- 120 a 160 cd/m² para uso geral ou se a luz ambiente for forte;
- Evita ultrapassar os 160 cd/m² se o seu objetivo é avaliar imagens para impressão.
3. Ponto de Preto (Black Point)
O que é?
Define o nível mais escuro que o monitor pode apresentar, sem perder separação entre tons escuros. É a “profundidade” do preto, e está diretamente relacionada com o contraste e a fidelidade nas sombras.
Relevância para a impressão:
- Papéis mate têm pontos de preto mais elevados (menos profundidade);
- Papéis brilhantes ou lustrosos permitem pretos mais densos;
- Se o monitor exagerar no contraste, irá iluminar as sombras no ficheiro — e perder subtileza na impressão.
Recomendação:
- Use Black Point Compensation nas provas;
- Ajuste o contraste para que consiga ver claramente 20 tons entre o branco puro e o preto total;
- Verifique o comportamento do ponto de preto com uma escala de cinzentos calibrada.
Resumo visual
| Parâmetro | Unidade | Valor recomendado (impressão fineart) |
|---|---|---|
| Temperatura de cor | Kelvin (K) | 5000K (D50, para ambientes neutros) |
| Luminância | cd/m² | 80–120 (ambiente controlado) |
| Ponto de preto | relativo | O mais profundo possível com separação de tons escuros |
Conclusão
Estes três parâmetros são a base de uma calibração eficaz.
Ignorar um deles compromete a fidelidade entre ecrã e impressão — e aumenta o risco de frustração no momento da prova final.


